A formação do professor no contexto escolar

A formação do professor não se consolida ao concluir o magistério ou a licenciatura. A licenciatura ou o magistério é apenas uma das diversas etapas da formação do professor. O aprender contínuo é essencial à carreira do professor.
Segundo ANTÔNIO NÓVOA, é na escola que se desenvolve a formação do professor.
"É no espaço concreto de cada escola, em torno de problemas pedagógicos ou educativos reais, que se desenvolve a verdadeira formação."(Nova Escola 142, maio 2001. Seção Fala Mestre. Disponível em http://novaescoal.abril.com.br. Acessado em 03/11/2004.)
A educação continuada deve privilegiar a própria pessoa do professor como agente de sua formação e a escola como lugar de crescimento profissional permanente. Em outras palavras, a formação continuada do professor deve estar integrada aos fazeres da escola onde ele atua.
O professor como agente reflexivo de sua prática pedagógica é capaz de produzir novos conhecimentos a partir da compreensão de sua realidade, da reflexão sobre essa realidade e da intenção de transformá-la.
O desenvolvimento profissional do professor, como já dissemos, depende do contexto em que a escola, onde ele, professor, exerce sua atividade, está inserida. A produção de uma nova prática pedagógica deve nascer da vontade de encontrar respostas aos problemas vivenciados pela comunidade escolar, a partir de uma reflexão coletiva e compartilhada com a comunidade.
Para que essa reflexão coletiva aconteça, no entanto, é necessário que haja uma redefinição do trabalho coletivo. O trabalho coletivo como grupo corporativista deve ser rejeitado, é preciso incorporar-se ao conceito de trabalho coletivo a idéia de partilha de experiências, bem como, de partilha de práticas pedagógicas inovadoras, o que dá um novo significado às ações pedagógicas, tais como: o trabalho escolar, a pesquisa, a avaliação e a própria formação do professor.
Construir um trabalho coletivo no espaço escolar significa tornar os professores pesquisadores de sua própria prática o que pressupõe a elaboração de um novo perfil ideal de profissional da educação. Baseado em SEGAT & GRABAUSKA, podemos afirmar que esse perfil ideal do profissional da educação, nos dias de hoje, é o professor que atua como investigador de sua própria prática, reflete sobre ela e elabora ações estratégicas para a transformação desta realidade. Esta nova postura viabiliza mudanças na formação inicial e continuada de professores, pois busca uma prática educativa pautada na investigação-ação, onde o professor como sujeito ativo, crítico e reflexivo perante a sua prática e formação, cria elementos para melhorar e transformar seu trabalho e coloca em prática uma educação dialógica, problematizadora e com perspectivas emancipatórias.
A formação contínua do professor pode conter cursos e treinamentos oferecidos pelas universidades, secretarias de estado ou outros centros formadores, mas não pode se resumir a isso apenas. É importante o respeito à identidade da escola, à equipe escolar e à diversidade de cada escola o que torna um programa de educação continuada único para todos os professores inviável, pois pouco benefício trará para a transformação de uma realidade particular. Além disso, um programa que privilegie a realidade específica de cada escola favorece o espírito de equipe, propiciando a construção de um projeto pedagógico que articula as diferentes áreas do conhecimento e que tem, como objetivo, o desenvolvimento das competências de cada área.
Concordando que é preciso um programa de formação permanente do professor dentro do seu contexto escolar, é indiscutível que o sucesso dessa formação depende da atitude do professor, que precisa compreender a importância de se estar em contínua formação. Um dos pilares da educação é “aprender a aprender” e isto é o que, mais importante devemos ensinar aos nossos alunos. Como diz o ditado: “as palavras convencem, o exemplo arrasta”; nós, professores, devemos dar o exemplo aos nossos alunos do permanente aprendizado e dar testemunho de que aprender exige esforço e dedicação, mas a recompensa final traz prazer.
Tendo-se, portanto, professores que sejam críticos e reflexivos, com conhecimento das questões relacionadas ao ensino-aprendizagem, autônomos, competentes para desenvolver um trabalho interdisciplinar e em contínua formação, terá, a educação brasileira, alcançado os patamares desejáveis de democratização e sucesso do ensino, pois professores com essas atitudes serão promotores e partícipes da reconstrução da educação básica no Brasil, bem como, da sua própria teoria sobre educação.