Ações para uma tutoria eficaz

A evolução das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) tem contribuído para mudança nos paradigmas econômicos, produtivos e, sobretudo educacionais. Novos papéis, novos perfis profissionais vão surgindo e exigindo qualificação constante. O professor transmissor de informações predominante da educação tradicional já não encontra mais espaço na sociedade da era do Conhecimento. O enfoque do profissional da educação mudou e os processos de gestão do conhecimento baseiam-se na concepção do “aprender a aprender”, instaurando uma nova cultura educacional.

Sob este novo enfoque, destaca-se a EaD como alternativa para a ampliação do acesso a educação com suas próprias características enfatizadas pelos ambientes virtuais de aprendizagem como suporte mediático para a construção do conhecimento.

“Os ambientes virtuais de suporte para o processo de ensino e aprendizagem são constituídos por um conjunto de ferramentas que possibilitam a organização, o gerenciamento e as várias formas de interação no curso.” (Prado). No entanto, a evolução dos processos de ensino-aprendizagem independe dos recursos tecnológicos, mas das pessoas envolvidas nos processos. Sendo assim, torna-se imprescindível a presença mediadora de um tutor para o sucesso de um curso a distância.

Mediar, no contexto da EaD, significa propor situações que ajudam os alunos a superar as dificuldades, estimulando-os a fazer pesquisas que não se restrinjam apenas ao material de estudo. Cabe, então, a questão: Quais as competências essenciais de um tutor para que se assegure uma efetiva aprendizagem?

Perrenoud (2000, p.25) afirma que: ”A noção de competência designará aqui uma capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos para enfrentar um tipo de situação”. Essa definição nos conduz à reflexão que as competências mobilizam e integram operações mentais complexas pertinentes em cada situação que permitem realizar ações que se constroem na atividade diária do professor-tutor. As práticas do tutor devem potencializar as aprendizagens dos alunos.

Das dez competências que o professor deve possuir para ensinar, elencadas por Perrenoud (2000), acreditamos que sete sejam necessárias ao tutor de um curso a distância, quais sejam: organizar e dirigir situações de aprendizagens, administrar a progressão das aprendizagens, conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação gerindo as heterogeneidades da turma, envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho, trabalhar em equipe, utilizar novas tecnologias, enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão e administrar sua própria formação continuada.

Para que o tutor possa implementar ações que efetivam as competências citadas, é preciso compreender a interatividade como conceito chave no processo de tutoria. Segundo Rosane Hopp (2008), a interação entre os participantes do processo de aprendizagem é um dos fatores decisivos para o seu êxito. Sendo assim, podemos perguntar: Quais as ações que o tutor deve programar para garantir uma interatividade de qualidade com a finalidade de desenvolver a construção do conhecimento?

Elenquemos algumas ações que, a nosso ver, respondem, senão totalmente, pelo menos parcialmente a questão acima.

• Acompanhamento do tutor em todas as atividades desenvolvidas durante o curso: O aluno não pode sentir-se abandonado. O tutor deve ajudar o aluno a compreender a sua própria experiência de aprendizagem demonstrando conhecimento e segurança sobre o conteúdo. O tutor deve expor claramente seus questionamentos instigando o aluno a participar das discussões, oferecendo-lhe mecanismos de mensuração acerca de suas interações. O tutor deve desenvolver mecanismos que permitam perceber, com critérios claros, como o aluno está construindo o seu conhecimento.

• Afetividade/Empatia: É outro fator importante da mediação virtual; o bom tutor é aquele que interage com o aluno, comentando as produções do aluno, chamando-o individualmente à participação, pois é o tutor que encaminha as atividades de forma a propiciar a aprendizagem e domínio dos conteúdos propostos. O tutor que é atento aos seus alunos percebe as ausências e estimula os seus alunos a exporem suas ideias e percebe as dificuldades de aprendizagens.

• Administrar as situações de aprendizagem ajustando-as ao nível do aluno: O tutor deve estar atento ás dificuldades de aprendizagem dos alunos adaptando as situações ao nível e às possibilidades do aluno, estabelecendo laços entre os conteúdos e as atividades propostas. Desta forma, é necessário, através de uma avaliação formativa, fazer balanços periódicos dos avanços do aluno e tomar decisões que garantam a progressão das aprendizagens do grupo de alunos.

• Administrar a heterogeneidade do grupo: É preciso que o tutor consiga abrir a gestão do grupo para todos os seus membros, fornecendo apoio e desenvolvendo a cooperação entre os alunos para que haja uma aprendizagem colaborativa.

Podemos afirmar que o tutor é o eixo motor de toda e qualquer atividade realizada no ambiente de aprendizagem. Sem a intervenção do tutor a realização das tarefas se torna muito mais difícil. Assim, a ação do tutor engloba desde a realização de comentários sobre as tarefas dos alunos, até o convite para o aluno participar da discussão, identificando aqueles mais ausentes. Portanto, o tutor deve adotar uma postura de orientador, motivador, demonstrando empatia e conhecimento acerca dos conteúdos propostos.

Bibliografia

CAMPOS, Fernanda C.A.; COSTA, Rosa M.E.; SANTOS, Neide. Fundamentos da Educação à Distância, Mídias e Ambientes Virtuais. Juiz de Fora, 2007.

HOPP, Rosane. O processo interativo na EaD na compreensão do aluno. Brasília, 2008. Disponível em http://www2.cead.unb.br/index.php%20option=com_docman&task=doc_details&gid=33&Itemid=7. Acesso em 19 de Nov. 2010.

AMARAL, Rita de Cassia B.M.; ROSINI, Alessandro M. Concepções de interatividade e tecnologia no processo de tutoria em programas de educação a distância: novos paradigmas na construção do conhecimento. Disponível em http://intersaberes.grupouninter.com.br/6/2.pdf. Acesso em 19 de Nov. 2010.

BARNI, Edí Marise; RODRIGUES, Karina Gomes. A importância das práticas tutorias na modalidade a distância em uma instituição de ensino superior de Curitiba – PR. Disponível em http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/3072_2138.pdf. Acesso em 19 de Nov. 2010.

PERRENOUD, Philippe. As dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed Editora, 2000.

PRADO, Maria Elisabette B.B. Educação a Distância: Ambientes Virtuais e Algumas Possibilidades Pedagógicas. Disponível em http://atuar.multiply.com/journal/item/5/5 Acesso em 19 de Nov. 2010.